quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Das cidades (olhos) de água


Tantas coisas que deixaram ou começaram a fazer sentido, as cidades de água que um marinheiro recorda com os olhos enxutos, tantos sonhos ou o simples desejo do balouço das ondas, quando sentimos a ancora a tocar na terra. Aqueles momentos em que não se sabe muito bem a que elemento se pertence… à terra firme que se pisa, à agua onde o nosso corpo ainda balança, o ar onde damos connosco a voar ou o terrível fogo que arde e nos consome cá dentro por tudo aquilo que ficou por fazer.
Prefiro o naufrágio ao atracar, viver afogada em tantas cidades de água, com os olhos afogados, a transbordar de movimento, perdida entre o balouçar de tanta onda que sigo com olhos famintos e esvoaçantes, que buscam uma terra enquanto fogem dela. Quero ser mercadora, ver, ser, trazer novas mercadorias, e contar lendas sobre gentes de terras longínquas e linguajares incompreensíveis!